Universitários com mais de 40 anos: segundo MEC, quase 600 mil brasileiros nessa faixa estão matriculados

15/03/2023 07:59

  Um vídeo mostrando três estudantes de uma universidade particular de Bauru (SP) debochando de uma mulher que também estuda na instituição, pelo fato de ela ter "40 anos", viralizou no último sábado (11). No entanto, o último Censo da Educação Superior, do Ministério da Educação (MEC), mostra que em 2021 599.977 pessoas nessa faixa etária foram matriculadas.

O número representa um aumento de 171,1% nos últimos dez anos, entre 2012 e 2021. Somente no Distrito Federal, em 2021, 28.578 pessoas com 40 anos ou mais se matricularam em instituições de ensino superior.

Com a maior expectativa e qualidade de vida no mundo todo, a idade já não se mostra mais como um empecilho para a realização de sonhos. A bióloga e estudante Aline Pomnitz, de 44 anos, voltou a estudar em 2021 e diz: "Me dedico com paixão".

 

Vídeo de universitárias de SP debochando de colega por ter '40 anos' viralizou e gerou indignação. Mas estudantes nessa idade estão cada vez mais presentes nas universidades, mostra censo do Ministério da Educação. 

 

 Aline conta que ficou muito chateada quando viu o vídeo das estudantes de Bauru. "O jovem parece que tem uma resistência com o mais velho. Eles ficam meio enciumados, mas acho que até sem entender", diz ela.

 Quem nunca ouviu a frase "você não tem mais idade para isso"? De acordo com a psicoterapeuta Helena Abdalla, esse tipo de frase pode ser classificada como etarismo, "que consiste no preconceito, na intolerância, na discriminação contra pessoas com idade avançada. Ou seja, um preconceito que se refere a essas pessoas como se elas fossem incapazes e incompetentes, frágeis, inadequadas".Para Helena, as pessoas mais velhas tem a capacidade de sonhar e de olhar para a vida de outra forma. "Muito diferente dos jovens adultos, que por causa da idade, e do nosso meio cultural geracional, têm uma dificuldade ainda de entender o que eles querem para a vida, as pessoas de idade avançada não tem. Elas conseguem, de forma mais refinada, olhar pra dentro e despertar sonhos e caminhos que ainda estão vivos e que elas querem, de uma forma muito mais competente, realizar", aponta a especialista.