RenovaDF tem a maior participação de alunos da população em situação de rua: 304 pessoas
O grupo está na fase final de treinamento para iniciar trabalho nas ruas do Plano Piloto; medida faz parte do plano de ações de acolhimento para este público
Maior programa de capacitação profissional do país, o RenovaDF atingiu a sua maior participação de pessoas em situação de rua. Dos 1.500 alunos do atual ciclo, 304 estão nessa condição. A iniciativa está alinhada com as ações do Governo do Distrito Federal (GDF) de acolhimento a esse público vulnerável que têm sido reforçadas com a assinatura do Plano de Ação para a Efetivação da Política Distrital para a População em Situação de Rua.
O plano envolveu, além do GDF, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDF) e o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).
Em situação de rua há alguns anos, Édson Rodrigues de Araújo Júnior, 47 anos, fez de Brasília o seu refúgio. Ele enxergou na capital a oportunidade de mudar de vida e soube do programa pelo Centro Pop do Plano Piloto. "Conheci esse programa e achei interessante. Resolvi entrar para dar uma possibilidade melhor à minha vida e para que as coisas tenham mais êxito", explica.
Fã de jardinagem, Édson Júnior está animado com a possibilidade de aprender outras áreas durante o curso. "Para mim é um recomeço, porque na realidade eu nunca havia entrado em outro curso antes para dar um avanço a mais em outras coisas e ideias. Essa vai ser uma boa oportunidade para minha vida", defende.
Moradora de rua há mais de quatro décadas, Benedita Silva Donato, 51, enxerga no RenovaDF uma forma de transformar a vida. "Para mim, que resolvi fazer o Enem e estudar, vai ser ótimo. É difícil você ter um prato de comida garantido e ter que estudar, né? Quando a gente é jovem, os pais nos mandam estudar, não damos importância, mas aí quando chega na idade que eu estou hoje, sem uma faculdade, sem instrução, fica difícil. E aqui eu tive a oportunidade de estudar, buscar o que eu quero para minha velhice e fazer esse curso, que está ótimo", garante.
Ela, que sonha estudar antropologia na Universidade de Brasília (UnB), espera se manter aquecida ao longo do ano, alimentada e concentrada para os estudos. "Nunca é tarde para você aprender alguma coisa. Por mais que você ache que sabe tudo, você não sabe nada. Estou aberta ao conhecimento", conclui.