Microapartamentos: moda de imóveis minúsculos chega a Brasília
Microapartamentos explodiram pelo mundo. No DF, eles têm cerca de 30 m², maiores que em São Paulo, por exemplo.
Com a explosão dos microapartamentos pelo mundo, capitais do Brasil têm aderido ao novo modelo de moradia. O Distrito Federal também entrou na moda, e oferece os chamados "studios", que vão até 35 m².
O aluguel inicial gira em torno de R$ 1.227. Isso quer dizer que eles custam 37% menos que de um apartamento de um quarto, que tem preços iniciais de R$ 1.938.
Uma pesquisa realizada pelo grupo QuintoAndar mostrou que o percentual de comprometimento de renda com o aluguel de um studio fica em 18%. No caso de um imóvel de um quarto, o comprometimento da renda com moradia chega a 28% – bem perto do limite recomendado por especialistas em finanças, que é de 30%.
Qual o tamanho?
Para se ter noção, um quarto de hotel com cama king size, uma poltrona, escrivaninha com cadeira e um banheiro tem basicamente a mesma metragem dos microapartamentos de Brasília. Mas os imóveis desse padrão no DF costumam ser maiores que os de São Paulo, por exemplo, que chegam a ter 10 m².
Os chamados Microapartamentos normalmente servem de moradia para uma ou duas pessoas. No Distrito Federal, cerca de 138 mil pessoas moram, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). Isso significa que, de cada 100 brasilienses, 6 vivem só em seus lares.
Histórico dos microapartamentos
Os microapartamentos são um fenômeno ainda recente no Brasil. Porém, em outros lugares do mundo – especialmente no Japão e na Coreia do Sul – a arquitetura já dava sinais claros dessa tendência.
Um dos prédios mais icônicos e antigos dessa modalidade de moradia é o Nakagin Capsul Tower. A torre, que ficava em Tóquio, no Japão, foi construída em 1972 e tinha 140 unidades de 10 m² cada. O responsável pela criação do prédio foi o arquiteto japonês Kisho Kurokawa.
O local foi demolido recentemente, mas contava com área de serviço compartilhada e tinha como público-alvo pessoas recém formadas.
A tendência de lugares menores para viver muda de acordo com o encolhimento das famílias. Nos anos 60, mulheres tinham em média 6 filhos e quase metade das famílias brasileiras eram formadas por 6 ou mais pessoas.
Em 2020, o número médio de filhos por mulher caiu para 1,65. Em 2012, cerca de 7 milhões de pessoas moravam sozinhas. Atualmente já são mais de 11 milhões.
O gerente de dados do grupo QuintoAndar, Thiago Reis, diz que em cidades europeias e asiáticas esse movimento é resultado de mudanças culturais e sociodemográficas.
"As pessoas estão vivendo mais, demorando mais pra casar e ter filhos e morando mais sozinhas", diz Reis.
Já o economista do grupo, Vinicius Oike, aponta que os preços dos imóveis têm subido mais que a renda das pessoas e, por isso, muitos brasileiros têm optado por imóveis mais acessíveis.