Mais de 2 milhões de pessoas cadastradas na Estratégia Saúde da Família
Número mais que triplicou em cinco anos; acompanhamento permite melhorar orçamento para atender a populaçãoO número de pessoas cadastradas na Estratégia Saúde da Família (ESF), da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES), mais do que triplicou nos últimos cinco anos. Em 2018, havia 591.316 cadastros ativos. Em 2022, o dado saltou para 2.060.078. As cidades com maior número de pessoas cadastradas são Ceilândia (337.357), Samambaia (178.289), Planaltina (151.721), Taguatinga (148.304) e Gama (134.929).
O resultado positivo pode ser atribuído à mudança no modelo de Atenção Primária tradicional para o de ESF, o que possibilitou a criação de mais equipes para acompanhamento da população. Segundo a gerente de Qualidade na Atenção Primária da Diretoria de Estratégia Saúde da Família, Lídia Glasielle de Oliveira Silva, o crescimento dos cadastros foi orientado por notas técnicas e monitoramento recorrente dos dados, para avaliação da situação dos moradores e atendimento às demandas existentes.
“Uma vez que o paciente reside naquele território e temos uma ESF para o acompanhamento da família, conseguimos promover o atendimento de uma criança, por exemplo, desde a gestação até a fase adulta”, explica a gerente. “O acompanhamento longínquo das famílias permite o controle de doenças crônicas já estabelecidas, além da prevenção ao aparecimento de outros problemas de saúde”, frisa.
O principal responsável pelo acompanhamento dos moradores nas visitas domiciliares é o agente comunitário de saúde (ACS). Cada território tem ao menos um profissional dessa categoria nas equipes de saúde da família, formada também por médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem. Há ainda times com foco na saúde bucal da população e o núcleo de apoio à saúde da família, formado por especialistas, que atuam em conjunto no atendimento à população.
Também há equipes direcionadas às pessoas em situação de rua, que buscam esse público para ofertar o cuidado continuado, e a atenção primária prisional, que auxilia no atendimento aos homens e mulheres com restrição de liberdade. A composição das equipes é estabelecida pelo Ministério da Saúde.
Cadastramento
Diariamente, o ACS de cada unidade básica de saúde parte para as ruas da cidade em busca dos novos moradores. O trabalho rotineiro segue uma programação e inclui também a atualização dos dados daqueles já cadastrados. As perguntas incluem informações sobre condições de moradia e de saúde, além dos dados pessoais e sociodemográficos. As equipes fazem também a entrega de documentos relacionados à marcação e orientações para realização de exame, diretamente na casa dos usuários, para que não esqueçam do compromisso, além de busca ativa para investigação de agravos.
“O nosso objetivo é cadastrar toda a população do Distrito Federal, porque é pré-requisito para o modelo de atenção que acreditamos. Modelo esse que os estudos mostram, que traz resultados positivos para a população e além de desonerar o SUS, com diminuição no número de internações”, afirma a gerente de Qualidade na Atenção Primária. “Precisamos que a população seja receptiva com os agentes, para que consigamos fazer todos os cadastramentos e, a partir deste, planejarmos a oferta de serviços de saúde que a população necessita”, completa.
Cuidado e comprometimento
Enfermeira da equipe da Estratégia Saúde da Família (ESF) há mais de duas décadas, Maria de Fátima Pavezzi afirma que o trabalho exercido pelas equipes é coordenado para resolver, ao máximo, as demandas dos moradores. “Semanalmente, a equipe se reúne para conversar sobre o trabalho, verificar o que precisa ser mudado e discutir dificuldades e acertos, além de debater o caso dos pacientes, pensando em como podemos ajudar mais ainda”, comenta.
Maria de Fátima é lotada na UBS 9 de Samambaia Sul, na Quadra 317, que conta com duas equipes de acompanhamento, cada uma com dois agentes comunitários de saúde. A unidade reúne 1.495 famílias cadastradas. Uma dessas famílias é a da manicure Maria Lúcia Rodrigues, 53 anos, que é acompanhada pela equipe da UBS 9 desde 2010. “Foi a Fátima [Maria de Fátima Pavezzi] que me recomendou fazer um exame para ver se estava com câncer de colo de útero. E eu estava mesmo, mas já estou curada, graças a Deus e à ajuda da UBS”, revela.
A última visita da equipe à casa da manicure serviu para a entrega de um exame preventivo e para o acompanhamento da mãe de Maria Lúcia, Joana Rodrigues. A idosa de 90 anos está acamada devido a uma fratura no fêmur, causada por uma queda da própria altura. “Tanto para a mãe quanto para mim e o meu marido, que também faz tratamento na UBS, sempre foi um ótimo atendimento, sempre fomos bem recebidos”, completa a manicure.