DF conta com 80 escolas do campo que atendem mais de 24 mil alunos
Espalhadas por dez regiões administrativas, as unidades ensinam aos estudantes ciclos de produção, condições climáticas e tradições da comunidade camponesa.
Às vezes, a sala de aula fica no meio de uma horta cheia de frutas, legumes e verduras. E aprender sobre matemática e português é mais divertido quando essas disciplinas são ensinadas durante o preparo de bolos, geladinhos e tortas. Assim é a rotina da Escola Classe Ipê, no Núcleo Bandeirante.
A Ipê é uma das 80 instituições de ensino do Distrito Federal que oferecem a modalidade Educação no Campo, com atendimento a mais de 24 mil alunos em espaços que agregam conhecimentos de ensino básico com temas ligados à natureza e à vida campestre.
No Núcleo Bandeirante, há outras duas entidades de ensino do gênero: EC Kanegae e EC Riacho Fundo. A EC Ipê é uma das mais antigas da região, desde 1962 na ativa, com 382 alunos que estudam em tempo integral, ou seja, das 7h30 às 17h30. Muitos chegam ao local com travesseiro e cobertor junto à mochila.
As outras regiões administrativas que abrigam escolas do campo pelo DF são Brazlândia (12), Planaltina (21), Ceilândia (5), Gama (7), Paranoá (14), Samambaia (1), Santa Maria (1), São Sebastião (4) e Sobradinho (14). Veja a lista aqui.
“A importância dessas escolas no campo é a de propiciar a formação e inclusão de estudantes da área rural que, tempos atrás, tinham que se deslocar para os centros urbanos para fazer o ensino fundamental e médio”, explica o professor e gerente substituto de Atenção à Educação do Campo, da Secretaria de Educação, João Baptista Neto.
“A escola do campo possibilita que esses estudantes tenham a formação dentro do seu espaço e território, de seu contexto de produção de vida, de sua cultura, reduzindo a evasão escolar e gerando a inserção social”, destaca o gestor.
O contato com a natureza, os mistérios e segredos da terra, as surpresas das condições climáticas e tradições da comunidade camponesa impactam de forma intensa a garotada. Luma, de apenas 6 anos, aluna do 1º ano, já elegeu a horta como um de seus lugares preferidos da instituição. “É bom demais, porque a gente sai da sala de aula para ficar mexendo com a natureza”, observa, entusiasmada. “A horta acaba virando uma sala de aula”, endossa a diretora da EC Ipê, Leisy Regina de Oliveira Lima.
Pelo menos três vezes por semana os alunos interagem com a horta agroecológica, que tem muita variedade: couve, brócolis, alface, beterraba, salsa, cebolinha, tomatinho e frutas como melão, melancia, maracujá e acerola. Os guris aprenderam a lidar com o espaço desde o começo, passando pelo processo de arar a terra, plantar as sementes, aguar as mudas e colher o fruto da lida.