Brigadistas atuam nas unidades de conservação do DF para prevenir incêndios
Ao todo, 150 profissionais foram selecionados em concurso do Brasília Ambiental para trabalhar até o fim de novembro para combater o fogo no período da secaO Distrito Federal ganhou no último mês 150 novos brigadistas florestais para atuarem na prevenção e no combate aos incêndios na cidade. O efetivo foi distribuído entre as 14 unidades de conservação geridas pelo Brasília Ambiental. O objetivo é fazer a segurança da fauna e da flora das áreas de preservação durante o período de estiagem na capital.
“Estamos entrando em um período muito crítico da seca. Os novos brigadistas são integrados um pouco antes para fazer o trabalho preventivo e depois ficam de prontidão para o pronto combate aos incêndios”, revela o servidor da Diretoria de Combate aos Incêndios Florestais do Brasília Ambiental, Erisom Cassimiro.Neste ano, o concurso temporário selecionou 120 brigadistas de prevenção e combate ao incêndio, 24 chefes e seis supervisores. Eles trabalharão entre julho e novembro em escalas de 12 por 36 horas, o que dá em torno de 75 brigadistas disponíveis por dia. Todos são capacitados antes de irem para as ruas.
A contratação dos brigadistas florestais faz parte do Plano de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais (PPCIF), coordenado pela Secretaria de Meio Ambiente e Proteção Animal (Sema), e composta por Brasília Ambiental, Jardim Botânico de Brasília (JBB), Defesa Civil, Corpo de Bombeiros Militar (CBMDF), Polícia Militar (PMDF) e Secretaria da Saúde (SES).
Devido a fenômenos como o El Niño e o aumento das temperaturas no planeta, a previsão é de que os profissionais tenham que atuar bastante no DF este ano. Segundo dados do Brasília Ambiental, no ano passado, foram registradas 64 áreas queimadas nas unidades de conservação, totalizando 2.969,01 hectares.“A previsão deste ano não é das melhores, devemos ter uma seca bem prolongada. Será um período crítico. Mas estamos atentos para tentar mitigar o máximo possível para que não seja tão prejudicial. A nossa intenção é pegar os incêndios no início, porque é mais fácil de combater, causa menos danos à natureza e menor desgaste físico aos combatentes”, define Cassimiro.
Dia a dia dos profissionais
O chefe da brigada da Estação Ecológico de Águas Emendadas, em Planaltina, Matheus Rocha, está entre os 90% de aprovados que retornaram mais uma vez para atuar como brigadista florestal. A primeira vez que ele foi selecionado pelo Brasília Ambiental foi em 2019. Para ele, a profissão é uma forma de fazer a sua parte para preservar o ecossistema.
“Os brigadistas são de suma importância, porque é a partir do serviço que é prestado que conseguimos fazer a manutenção de toda a flora e fauna aqui do nosso DF e do nosso Cerrado. É a nossa atuação que mantém o bioma”, revela.De acordo com Rocha, a brigada de Águas Emendadas conta com 32 brigadistas que se revezam em esquema de escala para guardar a estação e mais nove parques que compõem o cinturão verde da região administrativa. Todos os dias, os profissionais dedicam a primeira hora de trabalho à educação física e depois para as atividades de manutenção do parque, como roçagem, consertos e até resgate de animais, quando não há chamados de combate a incêndios.
Raiane Ribeiro de Almeida é uma das novatas deste concurso. Apesar da formação em gestão de recursos humanos, ser brigadista era um sonho. “Minha motivação foi meu irmão, que é falecido e era brigadista-chefe. Ele estava me ajudando e me treinando para que eu pudesse passar. Eu passei, mas infelizmente ele não viu meu progresso”, lamenta.
Estimulada pela paixão do irmão, Raiane tem se dedicado a aprender a profissão. “Eu não sabia nada de brigada nos parques até começar o curso. Foi lá que aprendi mais sobre a importância de preservar o meio ambiente tanto para nós, como para a fauna e a flora”, revela. “Tenho aprendido com os mais antigos também. Eles me ajudam e me auxiliam. Tem sido uma novidade, mas sou guerreira e tenho capacidade para assumir esse compromisso”, diz.Para o também estreante na brigada Gustavo de Sousa Cozer foi a própria formação que o levou à profissão. Formado em gestão ambiental, viu vários colegas enveredarem para o ofício e decidiu tentar também. “Sempre tive essa veia ambiental e alguns colegas de curso também se tornaram brigadistas. Eles acabaram me incentivando, falando do trabalho e da importância de ser um combatente”, conta.
Estar em contato com a natureza e a sensação de dever cumprido também foram essenciais para a decisão de Gustavo. “Além de combater o incêndio, aqui eu acabo trabalhando na área ambiental com conservação e monitoramento da biodiversidade. Todos esses fatores me trouxeram para cá”, admite.
Para o brigadista, a profissão é essencial. “Vivemos num bioma que obriga a termos esse papel preventivo e de ação. Passamos muitos problemas com a seca até por questão de desinformação das pessoas. Então temos que atuar para preservar o meio ambiente”, acrescenta.