A reação de Bolsonaro após Cid apontá-lo como mandante das joias
Em sua casa, em Brasília, Bolsonaro recebeu a notícia de que será apontado pelo tenente-coronel Mauro Cid como o mandante do esquema de venda de joias que recebeu quando presidente. Disse, em tom de lamentação, jamais esperar que o dedo de seu ex-ajudante de ordens se voltasse contra ele. Mais jovem, Cid costumava chamar Bolsonaro de “tio”, dada a relação entre seu pai, o general Lourena Cid, e o ex-presidente.
Bolsonaro atribuiu a acusação a uma estratégia traçada pelo novo advogado de Cid, Cezar Bittencourt. E avaliou que o militar, preso em maio, teria aceitado seguir a linha de defesa com objetivo de se livrar do cárcere.Essa mesma pressão estaria sendo exercida sobre Max Guilherme e Sérgio Cordeiro, assessores de Bolsonaro detidos na mesma operação que alvejou Cid. Eles foram presos no âmbito do inquérito do STF que mira fraude em cartões de vacinação.O advogado Cezar Bittencourt disse que Cid, militar, vendeu presentes que Bolsonaro recebeu por “obediência hierárquica”. Ao ler a reportagem da Veja publicada na noite desta quinta-feira (17/8), o ex-presidente reagiu.
Negou que tivesse dado ordem a Cid para vender os itens e afirmou não haver nenhuma prova que mostre o contrário. Contestou, ainda, a solidez do argumento de Bittencourt para tentar isentar o militar. Bolsonaro ponderou que, se existe a premissa da obediência hierárquica, existe também a de que ordem ilegal não se cumpre.Na noite desta quinta, Alexandre de Moraes autorizou a quebra dos sigilos fiscal e bancário do ex-presidente e de Michelle Bolsonaro. A Polícia Federal prepara o indiciamento do casal pelo suposto cometimento de crime de peculato.
O crime é caracterizado quando alguém se apropria de um bem público. O entendimento do Tribunal de Contas da União, desde 2016, é que presentes recebidos pelo chefe de Estado, no exercício da Presidência, não são de caráter pessoal. E devem ser incorporados ao acervo público.