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Dengue: Aedes veio para ficar e vacina é saída, alerta infectologista

30/01/2024 08:05

Aumento de casos tem relação com mudanças climáticas, diz médico O mosquito Aedes aegypti, transmissor de todas as arboviroses que atualmente circulam no país, inclusive a dengue, chegou a ser erradicado do território brasileiro por volta de 1950, como resultado de uma série de medidas para o controle da febre amarela. Entretanto, dadas as atuais proporções de infestação, é impossível sonhar com esse cenário novamente. “O Aedes veio para ficar”, alertou o infectologista Antonio Carlos Bandeira.

Formado pela Universidade Federal da Bahia e especialista em saúde pública pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, Bandeira descobriu, em 2015, a chegada do vírus Zika ao Brasil. A doença também é transmitida pelo Aedes aegypti. Em entrevista à Agência Brasil, o médico citou alterações climáticas, sobretudo o aumento das temperaturas, como fatores que colaboram para a explosão de casos de dengue este ano.

O infectologista manifestou preocupação com o ressurgimento do sorotipo 3 da dengue no país – que não circulava de forma epidêmica há mais de 15 anos. “Mas, independentemente do sorotipo, preocupa a grande quantidade de casos que a gente tem. Porque uma grande quantidade de casos implica uma grande quantidade de complicações e uma grande quantidade de possíveis óbitos”.

Confira a seguir os principais trechos da entrevista:

Agência Brasil: Nas primeiras semanas de 2024, o número de casos de dengue mais que dobrou em relação ao mesmo período de 2023, que já havia sido classificado como ano epidêmico. O que tem causado essa explosão de casos no Brasil?
Antonio Carlos Bandeira: Vários fatores têm causado essa explosão. O primeiro e mais importante têm sido as alterações climáticas. Houve agora, com o El Niño, nos últimos dois anos, uma combinação de muito calor no corredor que segue da Região Centro-Oeste e desce pela porção oeste das regiões Sudeste e Sul. Esse corredor climático acabou facilitando muito a disseminação do mosquito tanto para locais da Região Sudeste e, mais importante ainda, da Região Sul. Isso facilitou que o Aedes aegypti pudesse ser disseminado. Não só o Brasil, mas países circunvizinhos como Paraguai e Argentina viveram a mesma situação: uma chegada muito forte do Aedes aegypti. É um passo para começar a ter epidemias de dengue, chikungunya e zika.

Outro fator é o desmantelamento que houve, de certa maneira, nos últimos anos, de uma vigilância mais proativa no sentido de instituir medidas como larvicida ou o famoso fumacê. Temos períodos que ficaram sem larvicidas. E o terceiro fator é pegar a população que é exatamente dessas regiões que citei e que eram virgens de dengue. Diferentemente da Região Nordeste, em que as pessoas frequentemente tiveram episódios pregressos de dengue. Nesses casos, a pessoa fica um pouco mais resistente, apesar de ainda poder pegar a doença por outros sorotipos. No caso da Região Sul, está todo mundo ali sem nenhum tipo de proteção anterior. E a vacina só agora está sendo pensada.

Agência Brasil: O recente aumento das temperaturas em praticamente todo o país associado à grande quantidade de chuvas contribui de alguma forma para esse agravamento do cenário da dengue?
Bandeira: É, isso que faz com que a coisa complique. Você tem esse corredor de calor e ele fica oscilando com muita precipitação pluviométrica de forma intensiva. Isso facilitou demais. Calor e muita chuva intermitente são a combinação principal para a dengue. Por culpa, de certa maneira, do El Niño. O Aedes aegypti se reproduz mais rápido e vive mais quanto mais elevada é a temperatura. A situação é essa. Ele vive mais e se multiplica mais.

Agência Brasil: A dengue tem comportamento sazonal e sempre retorna de forma epidêmica de tempos em tempos. É comum termos dois anos consecutivos de epidemia se já considerarmos 2023 e 2024?
Bandeira: Estamos diante de populações virgens. A maioria dos casos de dengue que estamos tendo no ano passado e este ano é na Região Sudeste e Sul. Essa população que nunca teve dengue antes está muito suscetível.

Agência Brasil: O pico da dengue no Brasil geralmente acontece entre março e maio. Em função do início precoce de casos, já em outubro do ano passado, há chance de esse pico chegar mais cedo em 2024?
Bandeira: No ano passado, a gente teve uma situação completamente diferente porque tivemos, como de praxe, a dengue no início do ano. Em fevereiro, já tínhamos muitos casos. Mas, normalmente, as taxas começam a subir em fevereiro, março, abril e, em maio, começam a cair. No ano passado, essas taxas foram altas o primeiro semestre praticamente inteiro, até julho. E só foram começar a cair em agosto, já mostrando um comportamento diferente.

Talvez algumas regiões atinjam o pico de dengue antes, mas isso não é garantido. Nesses processos epidêmicos, cada estado, na verdade, tem um comportamento. Depende da precocidade com que se começa a detectar, usar larvicida em grande quantidade, fumacê, alertar a população. Cada estado tem uma intervenção diferente. Um está em calamidade pública e, em outro, a coisa é intensa, mas não é trágica. Cada local acaba tendo uma dinâmica diferente. Se você não fizer nada, o pico pode chegar antes sim.

Agência Brasil: O sorotipo 3 da dengue não circulava de forma epidêmica no Brasil há mais de 15 anos, mas voltou a registrar casos em 2023 e em 2024. Como esse ressurgimento pode agravar ainda mais as perspectivas para este ano?
Bandeira: Sem dúvida, o tipo 3 voltou a circular. A gente só não sabe se ele vai ser o responsável pela maioria dos casos. A gente não tem como saber isso neste momento. Já tivemos a introdução de sorotipos que começam a circular, mas não vão muito adiante. No passado, o sorotipo 4, por exemplo, começou, mas não dominou o espectro da doença. O sorotipo 3 realmente preocupa porque é mais um sorotipo para causar a doença. Por outro lado, pode ser que ele não seja dominante na maior parte dos estados do Brasil. O que a gente está vendo hoje é que os sorotipos 1 e 2 estão fazendo uma grande quantidade de notificação no Brasil como um todo.

Neste momento, independentemente do sorotipo, preocupa a grande quantidade de casos que a gente tem. Porque uma grande quantidade de casos implica uma grande quantidade de complicações e uma grande quantidade de possíveis óbitos.

Agência Brasil: O Aedes aegypti chegou a ser erradicado do território brasileiro por volta de 1950 como resultado de medidas para controle da febre amarela. É possível sonhar com esse cenário novamente, dadas as proporções atuais de infestação?
Bandeira: Jamais. Nunca mais. Não tem como. O Aedes veio para ficar e só faz aumentar. Começou em 1980 no Rio de Janeiro e, hoje, já está presente em praticamente todos os municípios do Brasil. É um mosquito altamente domiciliável. Nessas temperaturas elevadas, não tem como. E a tentativa de trazer aqueles mosquitinhos transgênicos, que realmente poderiam ajudar num determinado momento, hoje em dia, não tem como. Você teria que soltar mosquitos transgênicos aos bilhões no Brasil inteiro. A gente realmente perdeu o timing da coisa porque ficou parado. Ficou-se, todos os anos, esperando que a epidemia fosse embora. Mas o vírus não entende os apelos e os clamores humanos. Ele quer continuar. Veio pra ficar mesmo. A saída nossa agora é a vacina. Não tem outra.

Agência Brasil: O controle dos criadouros do mosquito, em tese, não é algo tão difícil de se fazer. O que falta? Mais campanha? Maior conscientização?
Bandeira: Cuba, que é uma ilhazinha minúscula quando comparada ao Brasil, não conseguiu erradicar os criadouros com um sistema político altamente centralizado. Para a gente, não tem como. É absolutamente impossível, não tem como. A única possibilidade seriam tecnologias novas, inovadoras mesmo. Mas até isso bate em uma situação de custo que pode ser muito elevado para o país todo. Serve para algumas regiões de epidemia, mas é impossível acabar com o Aedes aegypti. Não é factível, não é viável. Só em filme de Hollywood.

Agência Brasil: O Brasil ainda registra lixões e esgoto a céu aberto, além de uma grande quantidade de terrenos baldios sem fiscalização adequada. Como o senhor avalia as ações para controle do mosquito no país ao longo dos últimos anos? É preciso mudar de estratégia?
Bandeira: Acho que a gente tem que investir em pesquisa. Os governos, sejam eles federal, estadual ou municipal, precisam entender, de uma vez por todas, que o que resolve os nossos problemas é a pesquisa feita aqui dentro, para as nossas necessidades. É investimento massivo em pesquisa, pra gente poder descobrir novas drogas pra dengue, novas vacinas e assim por diante.

Em segundo lugar, a gente tem que ter coragem mesmo para pensar em atuar nas favelas. Você olha, por exemplo, o que acontece com a dengue. Geralmente, nas áreas urbanizadas, você tem uma taxa de dengue muito menor. Não deixa de ter, mas é menor. Quando você olha as favelas, essas aglomerações no Rio de Janeiro, em São Paulo ou em qualquer lugar do Brasil, esses locais concentram uma quantidade gigantesca de pessoas num espaço minúsculo. Isso vai facilitar muito a transmissão. Um mosquito vai picar 20, 30 pessoas e passar a dengue porque estão muito pertinho umas das outras. Não há recolhimento de lixo adequado, isso facilita água parada. A questão do saneamento básico é horroroso. Mesmo em águas sujas, o Aedes consegue se multiplicar. São áreas críticas para transmissão da doença.

Também são críticas para a criminalidade, para o tráfico de drogas, para doenças diarreicas, para tudo. A gente precisaria fazer um investimento. São 11 milhões de pessoas no Brasil que vivem nas favelas. Quero ver um PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] das favelas. Algum governante que tenha coragem de fazer isso. Para que você possa urbanizar. Não precisa deslocar a população para fora. Você vai urbanizar aquilo ali. Talvez tenha que desapropriar uma pequena quantidade de pessoas, mas passar ruas, saneamento básico, coleta de lixo, organizar o espaço urbano de forma que você possa fazer ações de saúde, larvicida, passar fumacê. Hoje em dia, se você tem um surto em qualquer favela do Brasil, você não consegue subir com o fumacê, passar larvicida. Não consegue fazer nada. Isso sim é atuar nas causas raízes dos problemas.

 

'Era filho único, a mãe não acredita que ele morreu', diz tio de jovem vítima de dengue hemorrágica no DF

29/01/2024 08:00

Felipe Francisco de Carvalho tinha 33 anos, era arquiteto e baterista de uma banda. 'Um querido, com todo o futuro pela frente. A gente está triste, absolutamente triste'. O morador do Lago Sul, em Brasília, que morreu com dengue hemorrágica, na noite de quinta-feira (25), era filho único. Felipe Francisco de Carvalho tinha 33 anos, era arquiteto e baterista de uma banda."Foi uma tristeza pra todo mundo. Um menino querido, com todo o futuro pela frente. A gente está triste, absolutamente triste. A mãe [de Felipe] está chocada. A mãe não acredita que ele morreu, ainda nesse momento", conta o tio Dejair Carlos Carvalho.Felipe estava internado em um hospital particular da Asa Sul. Segundo o tio, em um primeiro momento, o diagnóstico era uma dengue comum.Depois, quando o jovem teve que ser transferido para a UTI, a equipe médica diagnosticou dengue hemorrágica, a causa que está na certidão de óbito. A Secretaria de Saúde do Distrito Federal disse que investiga.

Estado de emergência e vacina contra a dengue
De acordo com o último boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde, divulgado na terça-feira (23), 16.079 casos de dengue foram notificados nos primeiros dias de 2024 no Distrito Federal e três mortes registradas no mesmo período.

Na quinta-feira (25), o GDF decretou estado de emergência para enfrentar a dengue. O decreto autoriza o governo a tomar medidas administrativas necessárias para conter a doença, em especial a aquisição de insumos e materiais e a contratação de serviços.Também na quinta, o Ministério da Saúde anunciou que o DF é uma das regiões do Brasil que vão receber a vacina contra a dengue. A imunização começa em fevereiro com crianças e adolescentes de 10 a 14 anos.

Nesta sexta-feira (26), a Justiça do Distrito Federal autorizou que agentes de combate e prevenção ao mosquito da dengue - devidamente identificados com crachá e roupas adequadas - entrem nas casas em que o acesso for recusado pelos proprietários ou ocupantes. A decisão também vale para imóveis abandonados ou fechados.

Segundo a determinação judicial, o governo do DF (GDF) terá que apresentar relatórios com dados dos locais vistoriados, o motivo da entrada e os nomes dos profissionais que fizeram o trabalho.

 

G1DF

Conferência no DF vai orientar plano de educação, diz ministro

29/01/2024 07:57

Sociedade civil discutirá o setor em evento até o dia 30 de janeiro O ministro da Educação, Camilo Santana, participou da abertura da Conferência Nacional de Educação, em Brasília (DF), neste domingo (28). Ele destacou que o documento a ser elaborado até o dia 30 vai orientar o plano de educação a ser entregue como projeto de lei ao Congresso Nacional.

O evento conta, ao longo das discussões, com cerca de 2,5 mil pessoas, incluindo representantes de vários segmentos educacionais e setores sociais, além de entidades que atuam na educação.

Confira a programação do evento no link.

Na abertura do evento, diante de estudantes, profissionais e representantes de entidades de todo o país, enumerou as dificuldades que o governo encontrou no início de 2023 no campo da educação e quais foram as ações implementadas. “Para reconstruir o MEC, foi necessário recompor orçamento”, exemplificou. Ele acrescentou a necessidade de aperfeiçoar planejamento (no qual está inserido o plano de educação), estabelecer parcerias e melhorar os serviços prestados.

Ele defendeu que as propostas a serem debatidas durante a Conferência Nacional de Educação são resultados de discussões realizadas em mais de 1,3 reuniões em pelo menos 4,3 mil municípios em todas as unidades federativas do Brasil. Ele lamentou a série de dificuldades encontradas e garantiu que os professores brasileiros voltarão a ser valorizados. O ministro contextualizou que as desigualdades sociais são problemáticas.

“Ainda é uma realidade dura que muitas vezes a única boa alimentação que uma criança ou um jovem vai ter durante o dia é quando vai à escola (...) Tem Estado com menos de 30% de crianças alfabetizadas ”. O ministro ainda destacou que a educação foi contemplado com os recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e que haverá condições de ingresso no ensino superior dos mais pobres. “Teremos o Fies Social e o Prouni”.

Uso do reconhecimento facial preocupa entidades

29/01/2024 07:56

Racismo e privação de liberdade são principais críticas à tecnologia. 

Enquanto espera pelo trem na estação, caminha pela rua ou relaxa em uma praia, você pode estar sendo vigiado por câmeras de segurança, que enviam imagens diretamente para um centro de controle policial. Lá, um programa de computador acessa o banco de dados com rostos de suspeitos de crimes e compara com as imagens das câmeras. O que parece roteiro de ficção científica, é realidade há um tempo em diferentes partes do país, onde sistemas de reconhecimento facial vêm sendo cada vez mais usados na segurança pública.

O caso mais recente foi a adesão de concessionárias do transporte público no Rio de Janeiro à tecnologia controlada pela Polícia Militar. Mais de 1.000 câmeras posicionadas em estações e vias estão agora disponíveis para o trabalho da corporação.

Enquanto autoridades defendem a medida como eficaz para o combate à criminalidade, especialistas em direitos humanos e segurança apontam os riscos de ampliação do racismo e da privação de liberdade.

Horrara Moreira é advogada e coordenadora da campanha Tire Meu Rosto da Sua Mira, que defende o “banimento total do uso das tecnologias digitais de reconhecimento facial na segurança pública no Brasil”. Ela diz que o primeiro problema a ser considerado é a ocorrência de prisões equivocadas.

Horrara Moreira, advogada e coordenadora da Campanha Tire Meu Rosto da Sua Mira. Foto: Arquivo Pessoal
Horrara Moreira, advogada e coordenadora da campanha Tire Meu Rosto da Sua Mira - Foto: Arquivo Pessoal
“Há o problema da identificação, quando acontece algum erro nas informações biométricas do rosto e na comparação delas com o banco de dados. E existem os erros decorrentes dos trâmites do próprio sistema de justiça, como mandados de prisão que estão vencidos ou que já foram cumpridos”, alerta Horrara.

E se fosse possível melhorar as tecnologias disponíveis, a ponto de praticamente zerar o número de erros? Mesmo assim, Horrara afirma que não impediria um outro problema grave, a característica inerentemente racista do sistema.

“Muitas tecnologias de reconhecimento facial usam a inteligência artificial como regra de processamento matemático. Ela pode ser de deep learning ou de machine learning, em que você fornece previamente um banco de dados, para que ela aprenda a identificar os rostos de pessoas no geral. E você também precisa definir critérios de quem é homem, mulher, branco, negro, e ensinar a máquina a identificar esses padrões. Qualquer enviesamento nesse treinamento da máquina vai influenciar na taxa de precisão. E o treinamento não é transparente. Se eu dou mais informações para a máquina sobre pessoas negras, ela pode indicar que pessoas negras cometem mais crimes do que pessoas brancas”, avalia a advogada.

Thalita Lima coordena o Panóptico, projeto sobre reconhecimento facial do Centro de Estudo de Segurança e Cidadania (CESeC). Ela defende que a tecnologia não produz impacto significativo na redução da criminalidade e cita os exemplos de Salvador e do Rio de Janeiro para corroborar o argumento.

Thalita Lima, coordenadora do Panóptico, projeto sobre reconhecimento facial do CESeC. Foto: Arquivo Pessoal
Thalita Lima, coordenadora do Panóptico, projeto sobre reconhecimento facial do CESeC - Foto: Arquivo Pessoal
“O estado que mais utilizou reconhecimento facial no Brasil foi a Bahia, onde mais de 60 municípios já o adotaram como medida de segurança pública. Salvador é permeada por câmeras que usam essa tecnologia. E um estudo do Panóptico mostra que entre 2019 e 2022, os índices criminais de roubo a transeuntes e de atentados contra a vida não tiveram mudanças significativas”, diz Thalita.

“Assim como no estudo sobre o Rio de Janeiro, de um projeto piloto que aconteceu em 2019 em Copacabana e no Maracanã, quando foi verificado que a criminalidade aumentou. Segurança pública envolve medidas que são muito mais estruturais do que simplesmente adotar câmeras de reconhecimento facial”, acrescenta Thalita.

A pesquisadora enfatiza que também é preciso estar alerta à ampliação da vigilância sobre a população. Em termos morais e políticos, quais os riscos à privacidade e ao direito de livre circulação nas cidades?

“Temos a vigilância em escala ampliada em ambientes de grande circulação de pessoas, e precisamos analisar que outras camadas de direito vão ser flexibilizadas. Não apenas o de se locomover, o de mobilidade, o direito à cidade, aos espaços onde se possa circular e não ter o risco de ser abordado erroneamente, mas também é preciso resguardar o direito à privacidade e à livre expressão nesses espaços. No Brasil, tem aumentado cada vez mais o uso dessa tecnologia sem uma reflexão dos riscos e sem relatórios de impacto dela”, afirma.

A reportagem da Agência Brasil entrou em contato com os governos do estado do Rio de Janeiro e da Bahia, citados na matéria, para que apresentassem mais dados e informações sobre o sistema de reconhecimento facial. Mas não obteve resposta até o momento.

Chacina de Unaí revelou Brasil profundo, diz pesquisador

29/01/2024 07:53

Episódio completou 20 anos neste domingo (28) Os assassinatos de três auditores-fiscais e um motorista do Ministério do Trabalho, em crime que ficou conhecido como “Chacina de Unaí”, completou 20 anos neste domingo (28). Foram assassinados os auditores Eratóstenes de Almeida Gonsalves, João Batista Soares Lage e Nelson José da Silva e o motorista Aílton Pereira de Oliveira.

O episódio, ocorrido na cidade mineira de Unaí em 28 de janeiro de 2004, revelou a dificuldade de coibir o trabalho análogo à escravidão e o Brasil profundo da ação dos privilegiados contra os mais desassistidos. Essa é a avaliação do historiador Gladysson Pereira, pesquisador da Universidade Estadual de Alagoas.

“O crime revela o Brasil de uma desigualdade profunda e mostra inúmeros aspectos históricos. É óbvio que o processo de abolição foi feito de uma forma que não impactava na vida daqueles que eram os ‘donos do Estado’”, afirmou o pesquisador.

A falta de condições adequadas de fiscalizar, mesmo em período democrático, mostra, para o professor, como os privilegiados agem contra os desassistidos. E como esse comportamento mantêm a força mesmo contra servidores públicos federais.

O professor contextualiza que demorou mais de um século, desde a Abolição da Escravatura (1888), para que o Estado brasileiro reconhecesse, em 1994, que havia “trabalho escravo”. “Quando o Grupo Móvel de Fiscalização do Ministério do Trabalho, naquele ano, começa a atuar, mexe numa antiga ferida. Os latifundiários mantiveram os trabalhadores sob condições de vida e de trabalho, semelhantes a escravos, durante muito tempo em larga escala”.

Ferida e convicção
A auditora fiscal aposentada Valderez Monte, hoje com 79 anos, foi integrante e uma das coordenadoras do grupo móvel de fiscalização. Ela atuou em 151 ações fiscais de 1995 a 2003, que resgataram 2.409 trabalhadores de condições subumanas de vida e trabalho.

Ela recorda que a chacina de Unaí deixou a categoria ferida e mais temerosa. “Mas quem trabalha nessa atividade faz por convicção, amor e certeza de que é possível ajudar pessoas de situações muito degradantes”.

Valderez trabalhava principalmente em operações nas regiões Norte e Centro-Oeste. Embora conhecesse os colegas assassinados em Minas Gerais, não tinha trabalhado com eles. “Sabíamos que precisávamos de mais apoio, mas esse crime não fez com que a gente parasse. Brigamos por melhores condições de trabalho, mas temos convicção do que precisa ser feito”.

Atualmente, ela atua como pesquisadora Instituto do Trabalho Digno, uma entidade sem fins lucrativos que elabora pesquisas sobre a atividade laboral no Brasil. “Precisamos de, pelo menos, três mil auditores, e temos cerca de mil. O país é continental e as práticas dos latifundiários não é muito diferente do que naquela época”.

Ela recorda ter testemunhado situações muito degradantes, de lavradores que trabalhavam por uma refeição por dia e sequer conheciam dinheiro. “Muito triste. Isso nos dá força para continuar mesmo com as ameaças que os grandes proprietários fazem contra nós”, afirma.

Resgates
Durante o dia, representantes do governo federal recordaram que, neste domingo, que marca os 20 anos da chacina de Unaí, é o Dia Nacional do Combate ao Trabalho Escravo. O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, afirmou que, em 2023, 3.151 pessoas foram resgatadas em condições análogas à escravidão no Brasil. Esse é o maior número registrado desde 2009.

Ele acrescentou que, em comparação a 2022, as denúncias aumentaram 61%. “Seguimos fortalecendo as instituições de fiscalização do trabalho. Temos um longa jornada pela frente, mas estamos o rumo certo”, apontou no microblog X, antigo Twitter.

Disque 100
O ministro Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, também na rede social, lamentou que ainda hoje o trabalho análogo à escravidão seja uma realidade. Ele destacou as ações do governo federal e pediu apoio da população. “Cada um de nós desempenha papel vital na erradicação dessa prática inaceitável e desumana”. Para isso, pediu que denúncias cheguem ao Disque 100.

Concurso unificado: resultado do pedido de isenção sai nesta segunda

29/01/2024 07:52

Candidatos poderão apresentar recurso até terça-feira (29) O resultado preliminar da análise dos pedidos de isenção do pagamento da taxa de inscrição do Concurso Público Nacional Unificado (CPNU) será divulgado nesta segunda-feira (29) na área do candidato, na página do certame, que é organizado pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) . É necessário, antes, ter cadastro na plataforma digital Gov.br, do governo federal, com CPF e senha.

Taxa
O prazo para os candidatos interessados em pedir a isenção da taxa de inscrição para o concurso unificado terminou na sexta-feira (26).

Os casos previstos no edital para isenção são de candidatos que integram o Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico); aqueles que cursam ou cursaram faculdade pelo Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies) ou pelo Programa Universidade para Todos (ProUni); assim como aqueles inscritos para doação de medula óssea.

Para os demais candidatos a vagas do serviço público federal, a taxa de inscrição é de R$ 60 para nível médio e de R$ 90 para aqueles com nível superior (graduação).

Contestações
Para os candidatos do processo seletivo que tiveram a solicitação de isenção do valor de inscrição indeferida, o prazo para apresentação de recurso contestando a negativa será nesta segunda e terça-feira (30).

De acordo com o cronograma oficial, previsto no edital, em 6 de fevereiro, será divulgada a relação final de candidatos que tiveram a solicitação de isenção do valor de inscrição deferida.

Se o interessado não tiver a isenção aprovada, ainda poderá se inscrever, fazendo o pagamento da taxa. O prazo de inscrições, iniciado em 19 de janeiro, terminará em 9 de fevereiro, para o público em geral, que não tem direito à isenção.

 

Plantio de 3 mil mudas resgata projeto de Burle Marx no Parque da Cidade

26/01/2024 07:52

Espécies nativas do Cerrado vão substituir pinheiros que foram retirados para segurança dos frequentadores O Bosque dos Pinheiros, no Parque da Cidade Dona Sarah Kubitschek, começa a tomar cara nova. Após retirar os pinheiros por questões de segurança dos frequentadores, o Governo do Distrito Federal (GDF) iniciou o plantio de três mil mudas de espécies nativas do Cerrado. A medida faz parte das ações de recuperação do segundo maior parque urbano do mundo e resgata o projeto original do paisagista Roberto Burle Marx.Para marcar a nova etapa do parque, o governador Ibaneis Rocha iniciou o plantio das espécies nesta quinta-feira (25) junto à Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), responsável pela ação. Para a área dos pinheiros – superior a seis campos de futebol – estão previstos exemplares de pau-brasil, acácia, ipê, bromélia, copaíba, jacarandá, palmeira e outras espécies produzidas nos viveiros da Novacap. Desta forma, o GDF aproxima o Cerrado dos mais de 14 mil frequentadores do local durante a semana e dos mais de 37 mil nos finais de semana.

“Vamos ter aqui em Brasília um bosque nativo, um bosque bastante bonito que vai ajudar ainda mais a vida aqui no Parque da Cidade, que é um local muito visitado pela população, muito apreciado por todos do DF e aqueles que vêm de fora também;  é uma grande oportunidade para a cidade se renovar”, afirmou o governador Ibaneis Rocha durante o evento. “Essa área vai voltar a ser um cartão-postal de nossa cidade – porém, a partir de agora, com um DNA tipicamente candango, por meio dessas espécies que vão colorir o bosque”, reforçou o presidente da Novacap, Fernando Leite.Frequentadora do Parque da Cidade, a professora Maria Libana Bezerra elogiou o trabalho: “Foi excelente essa iniciativa do governo, porque vai proporcionar à população mais um local com sombra, bem agradável. Antes não eram espécies do Cerrado, e agora teremos essas que representam Brasília. É um privilégio esse parque, e o GDF tem dado grande importância a essa melhoria. Temos visto o parque numa transformação”.

Relembre o caso

“Esse replantio é muito significativo na composição da história do Parque da Cidade”
Renato Junqueira, secretário de Esporte e Lazer
A decisão de retirar os pinheiros foi tomada pelo grupo de trabalho composto pela Novacap, Instituto Brasília Ambiental, Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) e Secretaria de Esporte e Lazer (SEL) – que administra o Parque da Cidade. Para tanto, foi elaborado um plano de manejo que definiu todo o cronograma e a substituição das espécies.

Muitos desses pinheiros, que possuíam em média 27,7 metros de altura, apresentavam risco de queda, rachaduras, buracos, ferimentos, fungos, brocas e cupins, entre outros problemas. Segundo técnicos, as árvores foram feitas para durar 20 anos no local, e muitas acumulavam 40 anos.

A remoção começou em agosto de 2023, com a supressão de 1.628 pinheiros, seguida pela retirada total, em novembro. A Novacap foi a executora dessas ações. O material foi armazenado e será destinado a leilão público, enquanto os recursos serão encaminhados ao Tesouro do Distrito Federal.“Esse replantio é muito significativo na composição da história do Parque da Cidade”, aponta o secretário de Esporte e Lazer, Renato Junqueira. “É resgatar o projeto de paisagismo de Burle Marx e ao mesmo tempo garantir aos frequentadores uma área mais arborizada com espécies nativas de nossa região, além da segurança de quem passa pelo parque.”

Tecnologia e informação

O plantio traz outra novidade, aliada à tecnologia e permitindo uma jornada ambiental aos frequentadores do parque: as árvores serão identificadas com QR codes exclusivos. Ao direcionar a câmera do celular para esses códigos, as pessoas terão acesso às principais informações sobre cada espécie.

Desde o nome científico até a época de floração e colheita dos frutos, tudo estará ao alcance da tela. A inclusão de imagens detalhadas, que abrangem todas essas informações, facilitam a identificação futura de outras árvores da mesma espécie. 

* Com informações da Novacap

Programação dos blocos de rua do Carnaval de Brasília 2024 é divulgada

26/01/2024 07:50

Programação deve atrair 1,7 milhão de pessoas ao Distrito Federal, durante o pré-feriado, o feriadão e no pós-Carnaval A Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal anunciou, nesta quinta-feira (25), a programação dos blocos de rua que prometem agitar as ruas e encantar os foliões.

Ao todo, 157 blocos se inscreveram para participar da festa, mas 29 cadastros foram excluídos da lista geral devido à duplicidade, questões relacionadas a plataformas e excepcionalidades que não se encaixaram no perfil de bloco de rua.Os critérios estabelecidos para a escolha dos participantes foram cuidadosamente delineados em cada etapa do processo de cadastro, garantindo não apenas a qualidade artística, mas também a representatividade do evento para a sociedade do Distrito Federal.

A expectativa é que a programação do Carnaval atraia mais de 1,7 milhão de pessoas para as ruas durante o feriadão e o pós-Carnaval. Com pelo menos 10 dias de folia previstos, a diversidade de ritmos e a animação dos blocos prometem transformar as ruas da cidade em um verdadeiro palco de celebração.

Confira a programação abaixo

• Programação com os 56 blocos de rua classificados pelo termo de Colaboração Nº 20/2023 DF Folia 2024 – Associação Amigos do Futuro
• Programação com os blocos de rua contemplados pelo Termo de Fomento Nº 1772023 Brasília em Folia 2024 – AAMA – Associação Artística Mapati

Essas parcerias fortalecem o compromisso da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec-DF) em promover um Carnaval vibrante e inclusivo, valorizando a diversidade cultural presente no Distrito Federal.

*Com informações da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec-DF)

Veja a rota do fumacê nesta sexta (26)

26/01/2024 07:49

Mais 10 regiões administrativas recebem ação preventiva nesta sexta-feira em dois horários: das 4h às 6h e das 17h às 19h. Recomendação é que as pessoas abram portas e janelas quando passar o veículo de aplicação do inseticida de ultrabaixo volume (UBV) 

GDF decreta situação de emergência na saúde para enfrentar a dengue

26/01/2024 07:47

Risco de epidemia e necessidade de ações mais ágeis e enérgicas para enfrentar a doença colaboraram para publicação de decreto nesta quinta-feira (25). O risco de epidemia de dengue e outras arboviroses levou o Governo do Distrito Federal (GDF) a declarar situação de emergência na saúde pública. A medida foi publicada em decreto na edição extra do Diário Oficial do Distrito Federal (DODF) desta quinta-feira (25). O texto autoriza o governo a tomar as medidas administrativas necessárias para conter a doença, em especial a aquisição de insumos e materiais e a contratação de serviços.O decreto vai perdurar enquanto a situação sanitária de enfrentamento à dengue não for estabilizada. Segundo o texto, a emergência pública em saúde não abrange todas as ações, equipes, equipamentos e processos da saúde pública, e está limitada ao que seja decorrente da situação sanitária específica. Servidores também poderão ser remanejados para reforçar o trabalho que já vem sendo feito pelo GDF.

Toda articulação de ações e serviços públicos de saúde voltados para este enfrentamento serão coordenados pela Secretaria de Saúde. Devido ao caráter excepcional e a necessidade temporária da luta contra a dengue, o governo está autorizado a contratar profissionais por tempo determinado a fim de combater a dengue.

Não deixe a dengue parar você

A Secretaria de Comunicação também entrou em campo para reforçar o combate à doença. Campanhas publicitárias foram desenvolvidas com o mote de “não deixar a água parada para a dengue não parar você”. Tanto o material de televisão como o spot de rádio são didáticos ao transmitir dicas para a população evitar a dengue, entre elas não deixar sacos de lixo acumularem água, nem garrafas armazenadas com a boca virada para cima, tampouco pneus e entulhos juntarem água em quintais e terrenos.Na peça produzida para a TV, locais que servem de foco para o mosquito transmissor da dengue – o Aedes aegypti –, como sacos de lixo, caixas d’água destampadas e pneus aparecem sinalizados com uma caveira, alertando o perigo iminente quando se dá a combinação água e mosquito.

Números

O último boletim epidemiológico de dengue no Distrito Federal mostrou que, do dia 1º ao dia 20 deste mês, houve 16.079 casos prováveis notificados da doença, número que revela aumento de 646,5% ante o mesmo período do ano passado. Ceilândia é a região administrativa com maior incidência (3.963 casos), seguida por Sol Nascente/Pôr do Sol (1.110), Brazlândia (1.045) e Samambaia (997). Além disso, já foram confirmados três óbitos por dengue neste ano.

Onde buscar atendimento

No último sábado (20), o GDF implantou tendas de acolhimento ao lado das administrações regionais das cidades com maior incidência da doença. O serviço está disponível, das 7h às 19h, em Ceilândia, Sol Nascente/Pôr do Sol, Samambaia, Sobradinho, São Sebastião, Estrutural, Recanto das Emas, Brazlândia e Santa Maria. A população tem acesso a testes rápidos de dengue, acolhimento de pessoas com sintomas e hidratação dos pacientes com a doença, além de informações sobre combate ao mosquito, descarte correto de lixo e espaço para denúncias de locais com possíveis focos.Em apenas três dias de funcionamento, as tendas de acolhimento, junto com as unidades básicas de saúde (UBSs), realizaram 7.569 atendimentos, sendo que 3.678 foram nas tendas e 3.891 nas UBSs. Mais de duas mil pessoas receberam hidratação venosa – o primeiro tratamento para a dengue.

Todas as 176 UBSs do Distrito Federal estão preparadas para receber os cidadãos. Do total, 11 funcionam de segunda a sexta-feira em horário ampliado, das 7h às 22h; 52 abrem aos sábados, das 7h às 12h; e cinco estão em funcionamento aos sábados e domingos, das 7h às 19h. Veja a lista com endereços aqui.

A orientação é que as pessoas com sintomas de dengue considerados leves procurem a UBS mais próxima ou alguma das tendas de acolhimento. Os primeiros sinais da doença são febre alta (acima de 38ºC), dores no corpo, nas articulações, atrás dos olhos, mal-estar, falta de apetite, cefaleias e possíveis manchas vermelhas pelo corpo.

No caso do surgimento de sintomas mais graves, a indicação é ir à uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) ou a um dos hospitais regionais. Os sinais de alarme são dores intensas na barriga, vômitos persistentes, sangramentos no nariz, na boca ou nas fezes, tontura e cansaço extremo.

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